segunda-feira, 24 de dezembro de 2012






O menino e suas asas

No início da vida a mãe colocou pendurado sobre seu berço um enfeite com diversos aviõezinhos. Balançavam ao vento e ele sorria; olhinhos fixos naquela esquadrilha encantada.

Começou a andar, e logo que adquiriu habilidade manual pegava todas as folhas de papel disponíveis e com elas fazia aviões de papel... Longos, curtos, morcego, com e sem cauda, até onde o limite da imaginação lhe permitia. Lançava-os e olhava deslumbrado seu modo de voar.

Mas ele queria controla-los... Influir no seu caminho pelo ar.

Ele aprendeu com os amigos a fazer um ratinho... Bastava a mãe comprar uma vassoura nova de piaçava, lá ia ele arrancar as varetas mais apropriadas para seu bólido aéreo. Depois era só esperar uma distração e roubar um carretel da caixa costura e sair de fininho.

Dos ratinhos de piaçava para as pipas com bambú e papel de seda a evolução foi rápida. Agora o menino não só tinha controle do voo, mas também combatia os adversários nos céus como que preparando-se para o bom combate da vida adulta.

Mas aquela linha 10 ( e as vezes a pesada rococó ) era um limitador a sua liberdade nos ares.

Miniaturas Revel... Que lindo... Suas horas foram preenchidas por pequenas peças qual quebra-cabeça que iam se colando e tomando forma... Aviões... Lindos... Seu quarto se encheu deles e neles sua imaginação voava a lugares inimagináveis pelos adultos.

Tempo passando, descobriu que lá no centro da cidade existia um lugar encantado... Disneylandia ??? Que que nada... Me leva pai lá na Hobbylândia... Lugar onde existiam miríades de aeromodelos que voavam de verdade. Montava-os com avidez, imitando em escala os mínimos detalhes dos aviões, caças e bombardeios reais.

Mas agora a vontade era ele mesmo voar... Se ver nos ares como um pássaro...

Aaaaa os pássaros... Pobres passaros... Em sua imaturidade o menino passou a captura-los com suas arapucas e visgos, como se com isso pudesse apoderar-se de suas asas... Não... Prende-los levava a nada... Soltou-os e ao invés de invejá-los passou a imita-los.

Finalmente em suas costas nasceram asas... Asas Delta... E o menino pela primeira vez sentiu-se pleno... Dominava os ares... Voava.. Seu mundo agora tinha a dimensão das núvens e sua alma se regozijava. Conquistara os céus.

E uma vez conquistados os céus, agora passou a desfruta-los, seja usando uma asa-delta, parapente, planador ou avião ele se move nos ares pela vida e pelo destino, em direção ao futuro.

E quando seu tempo sobre este planeta se findar, ora ele diariamente a Deus para que Ele lhe conceda asas como as dos anjos, para que o menino possa continuar voando até o infinito.

Bons voos a todos em 2013.

Romeo